quinta-feira, 22 de março de 2012

O tanquinho 3: Todo mundo tem um "tanquinho" em suas vidas.

Enquanto o fazia companhia em uma de suas lavagens, tentava me lembrar dos "tanquinhos" que tive em minha vida, ou seja, paixões, objetos de valor quase humano. Parece engraçado, mas não é? É fato e vou fazer vocês relembrarem desses valores em suas vidas através de alguns que tive. Na minha adolescência tive uma mochila de cor verde escuro, ela era estilo montanha, bonita, não tão grande e bem prática, o bonita acabou cedo, como usava muito, ela ficou feiosinha precocemente, mas amava tanto aquela mochila que fui capaz de guarda-la por muitos anos mesmo sem poder usa-la, já que estava rasgada, desbotada e tudo o mais. Eu me sentia poderosa com ela, juntas éramos o par perfeito. A pouco tempo tomei coragem e a enterrei. Outra valor que tive em minha vida foi um tênis olympikus preto, ele era bem simples, usava para ir para a escola, imaginem que como qualquer tênis sendo usado todos os dias, desgastou rápido, mas pra mim ele durou muitos anos, chegou uma época que ele estava tão apertado em meus pés que começou a furar do ladinho, mesmo assim o usava, quando a cor dele de preta ficou cinza rabiscado, decidi modernizar, pedi ao meu pai para comprar uma latinha de tinta para pintar meu tênis, vocês devem achar uma loucura isso, mas digo que loucura é usar a latinha para pichar muro, então jovens, pichem seus tênis, mas não pichem as paredes, porque é feio. Voltando ao assunto, pintei meu tênis, ficou lindo, cromado. coloquei cardaço branco, ficou mais estiloso ainda, usei por bastante tempo depois disso, até rasgar de vez e o dedinho ficar dando "oi" a luz do dia. Igualmente a mochila, ele ficou guardado por mais um tempo no armário, até o dia em que outro guerreiro entrou em seu lugar. Foi um estilo montanha todo lindão, esse durou menos tempo, a sola tava querendo se separar do tênis por motivos íntimos entre os dois. Aff. Eu andava tanto com ele, que meus pés estranhavam qualquer outro tipo de sapato, tênis, chinelo, até o chão. Outra paixão foi um perfume baratinho que comprei na farmácia em uma época de "vacas magríssimas". Sempre gostei de andar cheirosa de verdade, então mesmo que não pudesse comprar um água fresca da boticário nem um kriska da Natura, eu comprava um alfazema na farmácia que era o cheirinho mais agradável dos perfumes baratos que conhecia por lá. Na época que comprei me sentia maravilhada quando colocava ele para sair de casa, mesmo que não durasse muito em meu corpo, nem duas horas, eu ficava saltitante no momento em que colocava, esse teve vida curta, um desavisado deixou ele cair, não sobrou nem uma gota para contar história, eu fiquei tão triste, tão triste que resolvi ficar sem perfume mesmo, me resume em desodorante e sabonete mesmo, nesta época lavava o cabelo com sabonete mesmo, porque não tinha dinheiro para comprar shampoo e condicionador, como sempre flexível a vida, me acostumei com a necessidade, tornei-a costume e vantagem, pois adorava meu cabelo no estilo black power, era assim que ele ficava de tão ressecado. Enfim, não são só pessoas que passam em nossas vidas e deixam marcas, lembranças, objetos também. Como diz o poeta Gonzaguinha:
"Viver!
E não ter a vergonha
De ser feliz
Cantar e cantar e cantar
A beleza de ser
Um eterno aprendiz...
Ah meu Deus!
Eu sei, eu sei
Que a vida devia ser
Bem melhor e será
Mas isso não impede
Que eu repita
É bonita, é bonita
E é bonita..."

Quem sabe o mistério da felicidade esteja neste caminho? Uma das melhores coisas da vida está exatamente em poder amar, reconhecer o valor em tudo que te faz bem desde um simples tanquinho a muitas pessoas.

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